É tudo vaidade!!!

Por: Rui Miguel Trindade dos Santos

O grande vilão da infelicidade hoje é o desejo, já dizia Sidarta Gautama.

É o desejo de querer sempre mais que nos faz buscar uma felicidade que nunca conseguimos alcançar. Não pela falta de empenho, esforço e disciplina sua, mas sim porque sempre vai existir um desejo a mais além daquela conquistada. Quando voce está estudando e está finalizando a faculdade o seu grande sonho é arrumar um estágio direto na sua área. Busca, manda currículos para todos os lugares e em algum momento voce consegue. O estágio é seu. Voce fica radiante, feliz, esse é o seu momento de felicidade. Deveria se apegar com todo o afinco e gostar desse belo momento. O seu chefe direto repara na sua reação e diz que isso é banal, que o melhor ainda está por vir. Voce se surpreende e com o passar dos meses o trabalho começa a ficar rotineiro e voce quer mais. Então é contratado pela empresa, com carteira assinada e fica mais feliz ainda por que naquele momento é o seu momento. Mas quando já faz parte de todo o processo da empresa e percebe que pode ir além, e seu gerente o incentiva falando: - O melhor ainda está por vir.

Voce se apega a esta esperança e cai de cabeça para conseguir um cargo melhor, um supervisor de área, um gerente, um diretor, uma vice-presidência, CEO, e quando chega nessa etapa quase na hora de aposentar, as pessoas dizem para voce: - Não fique triste com a aposentadoria, o melhor ainda está por vir. - Voce se aposenta e fica feliz com isso.

Seu tempo agora é para sua família, e voce quer aproveitar, mas a sua saúde já não está muito boa. Quando se dá conta se depara com o fim inevitável. Está agora sentado em sua poltrona na sala de estar, tomando um conhaque e ouvindo a risada gostosa de seus netos lá fora brincando. Olha para o lado e vê a sua filha conversando e pensa:

- Onde eu estava quando tudo isso aconteceu? Quando a minha filha cresceu? Como não pude presenciar e acompanhar o nascimento dos meus netos?

Voltando a citação de Gautama, tira a conclusão que não importa o que a mente experimente, ela geralmente reage com desejo, e o desejo sempre envolve insatisfação. Quando a mente experimenta algo desagradável, deseja se livrar da irritação. Quando experimenta algo agradável, deseja que o prazer permaneça e se intensifique. Desse modo, a nossa mente está sempre insatisfeita e punge. Isso fica muito claro quando experimentamos coisas desagradáveis, como a dor.

Enquanto a dor persiste, estamos insatisfeitos e fazemos tudo que está a nosso alcance para evitá-la. Mas mesmo experimentando coisas gradáveis nunca estamos contentes. Tememos que o prazer desapareça ou se intensifique.

Se voce vivenciar a tristeza sem desejar que a tristeza desapareça, continuará a sentir tristeza, mas não sofrerá com isso. Com efeito, pode haver riqueza na tristeza. se voce vivenciar a alegria sem desejar que a alegria perdure e se intensifique, continuará a sentir alegria sem perder a paz de espírito. Então condensando essa explicação: O sofrimento surge do desejo, a única forma de se livrar totalmente do sofrimento é se livrar totalmente do desejo, e a única forma de se livrar do desejo é ensinar a mente a experimentar a realidade com o ela é.

Essa nossa ânsia por desejos e satisfazê-los nos leva a ansiedade, que muitos consideram como a doença do século. Então tudo o que fizer, faça com prazer, nunca querendo não estar ali. Nunca querendo estar em outro lugar. Se estiver no ambiente de trabalho, trabalhe com afinco sem roubar o tempo do patrão. Se estiver brincando com o seu filho, brinque. Se estiver namorando com sua esposa, namore. Se estiver lendo, leia. Se estiver brigando, brigue. Mas nunca faça nada pensando no próximo compromisso,

desanimando-se com os próximos infortúnios do que a de vir. Quando estiver fazendo qualquer atividade foque nessa atividade. Sinta prazer nessa atividade. Esse momento nunca vai se repetir.

Faça isso e realmente cada minuto da sua vida terá valido a pena, a sua vida terá um certo sentido, que te dará momentos de felicidade, e o que é a real felicidade?

É exatamente isso. Viver os “momentos” felizes que nos tornam tão humanos.

Rui Miguel Trindade dos Santos