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O preço da felicidade é simples. Não complique as coisas. “A virtude termina sempre onde começa o excesso.” Jean Baptiste Massillon

Pot: Rui Miguel Trindade dos Santos


Por que o senso de que está sendo infringido nos deixa tão fora de nós?


Quando arrisca fazer uma coisa errada tem a consciência que poderá sofrer as consequências. E quais são as consequências de uma determinada ação impensada feita no impulso?


Isso é voce que tem que responder.


Por que estou falando isso?


Certo dia fui ao banco da Caixa Econômica com o meu carro. Quando cheguei ao local o estacionamento estava com todos os lugares ocupados. Esses lugares que me refiro são da via pública. O banco não possuía estacionamento privativo para clientes. Consegui estacionar muito longe do banco, quase perto da minha casa (deveria ter ido a pé). Quando eu estava entrando no banco notei um motorista parando na frente do banco em um lugar  proibido. Nesse instante, ouvi um assobio. Era o rapaz da banca de revistas do lado gritando para esse motorista:


- Cara, cuidado. Não estaciona aí não.  Os “ome” (policiais) irão te multar.


O rapaz do carro agradeceu e disse que eram 5 minutos apenas e que nada iria acontecer.


Resolvi meus problemas dentro do banco e ao sair me deparei com a cena daquele rapaz do carro pedindo encarecidamente ao policial que não lhe multasse. A cena que ele fez foi como se alguém tivesse realizado ofensas, insultos e injurias contra ele. Parecia que o mundo dele iria acabar. Acreditei que alguém tinha morrido no local. E a minha pergunta na hora foi:


- Para que todo esse exagero? É tudo por causa de uma multa?


Mas este fato não é isolado. Eu vejo várias pessoas que ficam nervosas, com raiva, perdem o autodomínio, esbravejam e lançam pragas quando são multadas no trânsito. Mas o que realmente eu não entendo é porque esse desespero.  Isso me lembrou uma frase de Platão: “Os sábios falam porque têm algo a dizer. Os tontos falam porque precisam dizer algo”

.

Porque levar uma multa de 200 reais que vai poder pagar daqui a 1 mês ainda é tão desesperador? Não duvido nada que essas mesmas  pessoas gastem esse valor em outras coisas tão supérfluas e não se dão conta disso. Se levou uma multa, paciência. Voce está errado, e precisa fazer esse escândalo todo? Basta apenas ir lá e pagar.


– Há Rui, mas não é todo mundo que tem 200  reais para pagar multa.


- Ok - Se voce não tem esse valor para pagar a multa, de duas uma: - Ou voce seja responsável e não abuse da sua esperteza em achar que nada vai lhe acontecer, ou se não contar que essas despesas inesperadas   podem acontecer, para que adquirir um automóvel? Então ande de ônibus. -


É a mesma coisa que eu pegar o meu dinheiro da poupança, gastá-lo todo adquirindo um carro de luxo do ano mas não ter dinheiro para pagar a gasolina.


Esse assunto de desespero por motivos irrisórios me lembra várias ocasiões quando estive dentro do ônibus e presenciava alguns passageiros que dormiam no caminho e perdiam o ponto onde deveriam descer. Ao perceberem isso, imediatamente, saltavam da cadeira, se penduravam na cordinha de som ou apertavam o botão várias vezes e gritavam:


– Motorista, por favor, pelo Amor de Deus, o meu ponto já passou. Para agora por favor!!!

E eu quando presenciava isso pensava: -  Não basta apenas descer uns pontos à frente e voltar um quarteirão? -


As vezes estamos tão atordoados pela nossa rotina do dia a dia que perdemos os senso de importância ou a ordem de importância que os problemas deveriam afetar a vida. Nos deixamos levar pela irritabilidade ao nosso redor e achamos que ser ignorantes, ofensivos vai substituir o respeito. Nós mesmos não gostamos de ser xingados e nem criticados e praticamos a mesma atitude com os outros sem pensar.


Sofrimentos, percalços no caminho serão comuns e por mais que lutemos contra o sofrimento, ele sempre existirá. Mas o mais importante não é o sofrimento  porque ninguém é totalmente infeliz ou feliz, mas o que é mais importante  é que ser feliz é saber sofrer pelas coisas que realmente valam a pena.

Imagine-se na seguinte situação:


Voce acaba de sair de uma reunião em família na casa de seus pais. Essa reunião ou almoço de domingo reúne seus pais e seus irmãos e a família de cada um. Alguma coisa acontece durante a conversa e a uma grande briga entre seus irmãos e voce. E esse desentendimento acaba respingando nos seus pais. Ninguém pede desculpas e todos saem irritados desse almoço.


Todos foram ofensivos. E palavras massacrantes magoaram tanto um lado como o outro. O almoço não termina bem e todos vão embora. Nesse momento todos estão irritados e ninguém quer conversar com ninguém. Voce se sente magoado com tudo o que foi dito, mas voce também magoou algumas pessoas. Não encontrando entendimento, todos se vão e ninguém tenta resolver. Ninguém quer ter a iniciativa de pedir perdão. Os nervos estão a flor da pele.


Passados quatro dias desse almoço desastroso ninguém ainda se fala. Voce precisa ir ao médico, fazer uma consulta de rotina. Enquanto se desloca de carro para o médico sua mente está remoendo todas as ofensas e insultos que assombraram aquela refeição em família. Sua ira aumenta.


Ao adentrar o consultório voce entrega seus resultados ao médico. O médico diz:


- Caro, infelizmente não tenho boas notícias. Voce está com um câncer no seu pâncreas e já está avançado.


- Como assim avançado?


- Não podemos mais fazer cirurgia, seria pena de morte.


- Então podemos entrar com a quimioterapia e a radioterapia? – Pergunta voce atordoado.

- Preste bem atenção – disse o médico - podemos até entrar com essas soluções, mas na melhor das hipóteses vai te dar um mês ou dois meses a mais e voce vai sofrer muito. Não acredito ser a melhor decisão. Mas a decisão final é sua.


- Espera aí, como assim um ou dois meses?


- Infelizmente o seu diagnóstico é de no máximo 8 meses de vida.


Nesse momento tudo passa pela sua cabeça. Esse sentimento é devastador. Em menos de um ano não mais existirá. Quantas coisas gostaria de fazer e não fez. Quantas coisas se arrepende de não ter feito. Nesse momento voce levanta da cadeira e se encaminha para a porta em passos lentos. A minha pergunta final é:


Quando estiver na porta para sair do consultório, o que as brigas com o seu pai ou sua mãe valerão? Qual a importância de suas discussões com os seus irmãos ou familiares?


-  Nada. Absolutamente nada – Serão problemas mesquinhos, sem valor, ínfimos, infantis e idiotas.

Voce sairá naquele momento e irá  na casa do seus pais e falará sem nenhum medo para os dois que os ama incondicionalmente. Encontrará com os seus familiares e amigos que e vai dizer os ama muito.


Porque voce precisa que uma pessoa que voce não conhece, falar que voce está morrendo, para voce não dá valor as coisas que não precisam dar valor?   “Pense nisso”.

 

Daniel Kahneman, vencedor do prêmio Nobel de economia, pediu a algumas pessoas que relatassem um dia típico de trabalho, descrevendo cada momento  e avaliando o quanto agradou e o quanto desagradou. Ele descobriu o que parece ser uma paradoxo no modo como a maioria das pessoas veem sua vida. Considere o trabalho inerente a criação de filhos. Daniel descobriu que ao contar momentos alegres e momentos penosos, criar um filho se revela uma atividade um tanto quanto desagradável. Consiste em grande parte em trocar fraldas, lavar pratos e lidar com coisas chatas, o que ninguém gosta de fazer. Mas a maioria dos pais declara que seus filhos são sua principal fonte de felicidade. Isso significa que as pessoas não sabem o que é bom para elas? Essa é uma possibilidade.


Outra é que as descobertas demonstram que a felicidade não é o saldo positivo entre momentos agradáveis e momentos desagradáveis, antes, consiste em enxergar a própria vida em sua totalidade como algo significativo e valioso.


Há um importante componente ético e cognitivo na felicidade. Nossos valores fazem toda a diferença quanto nos vemos como escravos infelizes de um bebe ditador ou como nutrindo amorosamente uma nova vida.


Como disse Nietzsche: “se voce tem um motivo para viver, é capaz de tolerar praticamente qualquer coisa”.


Uma vida cheia de sentido pode ser extremamente gratificante mesmo em meio de adversidades, ao passo que uma vida sem sentido é um suplício terrível independentemente de ser repleta de conforto.


Rui Miguel Trindade dos Santos



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