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O homem chega à sua maturidade quando encara a vida com a mesma seriedade que uma criança encara uma brincadeira. Friedrich Nietzsche

Atualizado: 18 de jul. de 2024

Por: Rui Miguel Trindade dos Santo


Qual a grande característica que nos torna diferentes dos animais?

Não é a questão do livre arbítrio? Não é termos a liberdade de tomarmos ações e decisões que não sejam baseados apenas em instintos remanescentes? Então por que cada vez me vejo mais obrigado a fazer tudo o que os outros acham ser o certo ou que uma sociedade me impõe? Não é justo para ninguém ser condicionado a viver uma vida pelo que acham ser o correto.


Talvez voce não concorde com nada do que está vivendo. Mas então por que não mudar? Por que não virar o jogo? Por que não sair dessa estagnação?


E a resposta é:


Porque o mundo sempre foi assim – voce diz. - Porque todos vivem dessa maneira e você não vai mudar esse processo estável que vem de gerações em gerações, e “supostamente” está dando certo e que no final passa uma sensação de que você está no caminho do politicamente ou moralmente correto.

Na verdade você é mais um covarde da vida. E não fique surpreso. Todos nós em algum momento de nossas vidas somos covardes. Covardes pelo medo de tomarmos decisões que são certas, mas que não tomamos porque vão totalmente contra as ideias de outros. Covardes pelo medo do desconhecido, pelo medo de sermos felizes e de gostarmos disso.


Gostamos de buscar a infelicidade e fazemos muito pouco para evitá-la. E quando ela chega, ficamos com raiva. A busca da felicidade é uma das principais fontes de infelicidade. Quando racionalizamos as vivências e buscamos intenções para elas, perdemos sua essência. Nietzche dizia: “Às vezes só ouvimos o que queremos ouvir, já que o murmúrio das nossas ideias preconcebidas se sobrepõe a realidade, sempre mais simples que a opinião que formamos dela”.


Sabemos que situações e nossa experiência de vida nos tornam mais sábios para tomarmos decisões futuras. Como a experiência é sempre multidimensional, há uma variedade de lembranças, vivências, sentimentos, “essências” que você pode escolher para relembrar... e o que você escolhe reflete seu estado mental atual. Muitas pessoas permitem que o passado as defina ou assombre simplesmente porque não evoluíram o suficiente para verem como ele não as impediu de alcançarem a vida que desejavam. Na verdade, ele as ajudou. Isso não significa ignorar ou encobrir experiências dolorosas ou traumáticas, mas ser capaz de lembrá-las com aceitação e situá-las no contexto de sua evolução pessoal.

E eu não estou falando de conhecimento didático, estou falando de experiências de vida. De situações que vivemos que nos deixam calejados ao ponto de sabermos lidar com novas experiências de maneira serena e conscientemente tomarmos decisões sem nos deixar envolver com o desespero das situações.


É semelhante a um piloto de aeronave que por mais que ele seja o primeiro aluno de sua turma ou o aluno prodígio de sua geração, em uma situação nova de perigo durante algum voo, tenha certeza de que se tiver ao seu lado um piloto já com anos de trabalho, a experiência de décadas de viagens de um veterano da aviação irá fazer uma grande diferença para ter sabedoria, calma e não deixar que o nervosismo faça com que ele tome decisões erradas baseadas na emoção.


Em 11 de setembro de 2003 quando os E.U.A foram atacados pelos terroristas da Alkaeda, cinco aeronaves comerciais foram sequestradas pelos terroristas de Bin Laden, naquela época líder desse ataque. Os aviões foram tomados e com um sucesso absurdo de seu planejamento, conseguiram atingir em poucos mais de 30 minutos as duas torres gêmeas de N.Y, o grande símbolo comercial da América e ainda derrubar outra aeronave dentro do próprio pentágono, que é a central de inteligência bélica e imponente do Tio Sam. Nesse momento em que a população estava desesperada, perdida, assustada e tentando entender o que estava acontecendo, a pergunta era:


- Onde estava o presidente dos E.U.A? - naquela época, o presidente George W. Bush


Uma hora antes dos fatídicos ataques, o presidente dos E.U.A estava fazendo uma visita as escolas do primário da rede pública da cidade de Brookings. Sentado na frente de uma classe de pequenos colegiais estava ouvindo pacientemente a leitura de um livro realizada por um dos alunos.


Nesse momento toda a situação relatada acima estava acontecendo. Foi quando em um dos seus agentes chegou discretamente ao ouvido do Presidente e disse:

– Senhor Presidente, os E.U.A está sendo atacado.


Qual foi a reação dele? Ficou desesperado, levantou-se e saiu com a fisionomia preocupada? Começou a gritar e a dizer: - “Salvem-se quem puder, estamos sendo atacados”? - Ou desesperadamente começou a dar ordens em frente às pessoas que estavam no local?


Não!


Ele simplesmente continuou da mesma maneira que estava, em silêncio, e ali permaneceram pelos próximos 5 minutos. Agora um pouco mais pensativo, lógico, devido à situação. Esperou pacientemente a garotinha parar de ler para interromper e sair educadamente e com um sorriso no rosto. E a partir daquele momento tomar as decisões cabíveis. Inconsequente, insano, irresponsável? Muito pelo contrário. Usou a melhor das respostas.


O silêncio. Sim, o silêncio.


Pois imaginem se o líder da nação mais poderosa do mundo entrasse em desespero, mostrasse preocupação e demonstrasse que não tinha a menor ideia do que estava acontecendo. Como a população daquela nação iria reagir ao ver o seu “líder” que deveria dar a toda a proteção a nação, demonstrar naquele momento um descontrole da situação?


A reação dele foi genial. Se ele tinha ideia do que iria fazer ou não, não importa. O que importa é que ele demonstrou ter o controle. (Independente das teorias das conspirações sobre o assunto 11 de setembro) a reação desta situação foi exemplar.


Isso me lembra duma passagem do livro bíblico dos seguidores Cristãos do evangelho de Mateus. Por favor, não estou de maneira alguma comparando essas duas pessoas.


Nessa passagem bastante conhecida pelos cristãos, Jesus está realizando uma de suas palestras para seus milhares de seguidores. Nesse momento, os escribas e os fariseus estão comungados para prender Jesus. O motivo disso, era porque sua fama e sua popularidade estavam de alguma maneira tirando a autoridade dos líderes judaicos e para terminar de uma vez com esse tipo de concorrência, pensaram em um plano que foi simplesmente perfeito e muito maquiavélico.


Eles pegaram uma prostituta que tinha sido presa devido aos seus atos ilícitos e levaram a frente de Jesus para que ele julgasse aquela mulher. Os líderes religiosos não precisavam da opinião de Jesus para tomar a sua decisão baseada nas leis do judaísmo. Mas levaram a Jesus para ouvir a opinião dele. E pior, ou melhor, levaram essa mulher durante a palestra que ele estava fazendo a milhares de seguidores. Queriam saber qual seria a reação de Jesus na frente de todos. O intuito de prendê-lo era também o humilhar diante os seus seguidores e acabar de uma vez por todas com o mito de que esse Jesus era o “Cristo”. Então planejaram o seguinte:


- Vamos pedir para Jesus julgar essa mulher pelos seus atos. Se ele não a condenar, acusamos de blasfêmia e prendemo-lo. Se ele a condenar será desacreditado pelo seus seguidores, pois a condenação para tal atividade era o apedrejamento até a morte;


Plano perfeito e infalível. E assim o fizeram. Pegaram a mulher e a levaram a Jesus, e interrompendo-o na sua palestra perguntaram:


– O que devemos fazer com essa mulher que pratica atos impuros?

Imaginem a tensão que pairava no ar naquele momento. Milhares de seguidores de Jesus apreensivos, com o nervosismo alheio, torcendo para Jesus não errar na resposta ou preocupados com o desenrolar da situação. E qual foi à resposta de Jesus?


– Silêncio


Isso mesmo. Ele não proferiu nenhuma palavra. Ele simplesmente começou a desenhar na areia, mas o silêncio continuava. Milhares de pessoas assistindo o silêncio de Jesus. Alguns achavam que ele estava brincando, outros achavam que ele não sabia o que falar e outros achavam que ele estava ganhando tempo. Mas não era isso. Jesus sabia que os seus inimigos naquele momento queriam uma resposta rápida, intempestiva e sem rodeios. Queriam um imediatismo através das palavras de Jesus. Mas isso não ocorreu. O silêncio que Jesus fez deixou todos pensativos, perplexos e de alguma maneira quebrou toda a tensão da situação proposta. E melhor, preparou a todos e chamou mais a atenção para belíssima resposta que estava por vir, quando ele disse:


– Atire a primeira pedra quem nunca pecou.


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Todos ficaram bestificados com a resposta. E qual foi à reação dos líderes judaicos? Eles simplesmente abandonaram e foram embora. Notem que Jesus não respondeu à pergunta deles. Ele nem condenou a mulher e nem a protegeu. A sua resposta simplesmente resolveu as duas questões. Mas o silêncio anterior os preparou e aumentou a expectativa e a atenção para o que haveria de acontecer.

A sabedoria ajuda em lidar com as situações mais estressantes e provadoras e a como reagir de maneira sensata e com perspicácia. Quem precisa expressar constantemente o próprio valor transmite insegurança. É melhor construir em silêncio.


Quando enfrentamos uma situação de vida ou morte, quando passamos por um problema grave na vida, quando presenciamos um revés que aconteceu de repente e é difícil, dolorosa e impiedosa de suportar; tenha consciência de que a vida continua e que nós nunca resolveremos todos os problemas. Ganharemos experiência de vida. Teremos uma mentalidade e enxergaremos o mundo com os diferentes olhos. Os maiores êxitos não são os que fazem mais ruído, e sim  nossas horas mais silenciosas. Do vazio e do não, surge a criatividade.

 
 
 

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