Ninguém é igual a ninguém!!! Graças...
- Rui Miguel
- 20 de jun. de 2024
- 6 min de leitura
Atualizado: 18 de jul. de 2024
Por: Rui Miguel Trindade dos Santos
Por que todos nós temos de ser iguais?
Por que as pessoas acham que uma pessoa normal é aquela que se encaixa perfeitamente nos padrões da sociedade? Por que tudo o que não é perfeitamente aprovado pela sociedade, por sua família ou pelo seu próximo não é encarado como uma questão de personalidade? Por que eu tenho que me importar com as mesmas coisas que outras pessoas se importam? Se valores fossem iguais para todos, essa própria palavra não teria sentido. Albert Einstein disse: “O valor do homem é determinado, em primeira linha, pelo grau e pelo sentido em que se libertou do seu ego.”
Isso é o que me decepciona nos seres humanos: As pessoas vivem por viver, esperando a morte chegar. Ou melhor, muitos não vivem ou sobrevivem, mas sim fazem de tudo apenas para adiar a morte. A vida é o objetivo de tudo, então não pode haver nenhum objetivo para a vida. Mas o ser humano está faminto e, com exceção da morte, parece não haver nada; a vida escorrega pelas mãos e a morte chega mais perto a cada momento. A vida não é nada além de uma morte lenta.
Eu tenho certeza de que o que nos enche de vida hoje é justamente a morte. É o medo do fim, do desconhecido. É isso que nos dá a certeza de que temos que viver. Mas muitos hoje se prendem tanto à insignificância de sua existência que se fecham e vivem uma vida fugaz, tosca, pois pensam: “Eu não vou mudar as coisas porque as coisas são assim. Eu não vou ser diferente porque não dá certo. Eu não vou me arriscar porque é mais fácil lidar com o certo e confiável do que se projetar para voos desconhecidos.”
E por quê?
Porque somos covardes. E é essa covardia que nos deixa ter uma vida às vezes tão sem sentido. Isso me lembra a frase memorável de Willian Shakespeare: “É preferível suportar os males que temos do que voar para aqueles que não conhecemos.”
Tantas pessoas recorrem a remédios para ansiedade, para depressão e para problemas psicológicos que enfrentaram na infância ou ainda enfrentam. Por favor, não pensem que eu seja contra o uso de remédios. Depressão é uma doença quimicamente cerebral e precisa ser tratada de maneira química. Isso é fato. O que eu não concordo é que qualquer problema que a pessoa enfrente, seja no trabalho, perda de um ente querido, não importa, tudo isso seja um motivo para se medicar.
Você tem um problema com o seu chefe, pode ser demitido a qualquer momento. O que você faz?
Toma remédio para ansiedade ou procura o seu psiquiatra e diz que precisa se acalmar. É muito comum esse tipo de reação. Vamos parar e pensar um pouco:
Se todas as vezes que tivéssemos um problema fôssemos tomar remédio para nos acalmar, iríamos andar como zumbis. Todos iguais, com a mesma personalidade, com as mesmas feições reativas. Muitas vezes precisamos enfrentar o problema de cara limpa, com as nossas próprias forças e partir para a resolução. Sim, eu sei. Você sente medo, ansiedade, e isso pode deixar você um pouco aflito. Mas talvez seja isso o que vá te motivar. O medo pode te deixar mais assertivo e mais ativo.
Voltar-se para algo que produz repetidamente uma espécie de conforto dá as pessoas uma falsa sensação de segurança. Conseguimos afastar a dor de não conseguirmos satisfazer as nossas necessidades mais profundas. A satisfação proveniente do uso de remédios como substitutos não é duradoura. A dor das necessidades essenciais acaba reaparecendo, e por isso voltamos a solução mais fácil, apesar de descobrirmos aos poucos que ela não é suficiente. Passados então a precisar de uma quantidade cada vez maior, embora algo dentro de nós saiba que não é dela que realmente precisamos. É por isso que o vício é chamado de doença progressiva.
Você já viu um piloto de Fórmula 1 tomando remédio para ansiedade antes uma corrida? Você já viu um jogador de futebol entrando no estádio, numa final com 100 mil pessoas assistindo, totalmente prozaqueado? Ou um palestrante antes de subir ao palco, sobre o qual há uma grande expectativa ou um apresentador de TV com anos de experiência, você já viu algum deles tomar algumas gotas de calmante?
Não. Você não vai ver isso. E sabe por quê? Se você perguntar para cada um a resposta vai ser sempre a mesma: - “Precisamos desse medo, precisamos desse frio na barriga pois, do contrário, não seremos competentes o suficiente”.
Não estou dizendo que nós não devemos procurar ajuda quando há necessidade. O que estou dizendo é que os sentimentos que às vezes queremos afastar são os únicos que vão nos ajudar a resolver os problemas, nos dando experiência para, no futuro, sabermos lidar com situações semelhantes, tendo a estrutura pronta para ajudar quem ainda está construindo seu alicerce psicológico.
Mas não é só isso. Graças ao universo nós somos pessoas de personalidades diferentes. Às vezes as pessoas são rotuladas como loucas por terem atitudes que não condizem com o que você acredita ou que uma sociedade dogmática pense que seja o normal. Se todos andássemos iguais, com atitudes iguais, com pensamentos iguais, quais as chances de evoluirmos externa e internamente?
Se você conhecesse Bill Gates, Steve Jobs, Elvis ou Michael Jackson em plena era criativa deles, muito provavelmente falaria que são loucos, que precisariam de tratamento psiquiátrico, pois as atitudes ou pensamentos não condiziam com o que se chama normal. E essas e outras pessoas tornaram-se lendas porque se destacaram, porque foram os “dementes” na multidão. Pensaram o que nunca ninguém tinha pensado, agiram sem pensar, foram de certo modo inconsequentes, não se deixaram ser guiados por pensamentos rotineiros e vazios. Fizeram a diferença.
Hoje eu vejo como o mundo está cheio de pessoas que se dizem “normais” e que estão julgando outras por suas atitudes diferentes. Não percebem que, para ter equilíbrio é preciso um pouco de insanidade. Por isso acredito que vivemos num mundo de loucos, pessoas que acham que a normalidade é um efeito benéfico de seguir um caminho padrão, com começo, meio e fim. Sem nenhuma novidade. Sem muitas expectativas. Apenas no instinto de sobrevivência.
Quando tenho que enfrentar um problema ou uma situação difícil, gosto de lembrar de uma cena do filme “O amor é contagioso”.
Logo no começo, quando a personagem do ator Robin Willians (Patch Adams) se interna numa clínica psiquiátrica e descobre que o seu dom é na verdade ajudar as outras pessoas, um dos internos passa por ele. Na sua maluquice ele pergunta mostrando os quatro dedos de sua mão:
— Quantos dedos têm aqui?
E, abrindo a mão, repete umas duas ou três vezes a mesma pergunta.
Então, a personagem do Robin Willians responde:
— Quatro dedos.
— Homem tolo! — Retruca o velho, que sai reclamando e andando para outro local.
Quando Patch descobre que sua vocação é ser médico, ele imediatamente pede sua própria alta e, um pouco antes de ir embora, o senhor novamente passa por ele, com a mão erguida e com os quatro dedos levantados, pergunta:
— Quantos dedos têm aqui?
Dessa vez, Patch presta mais atenção porque descobrira recentemente que esse senhor é na verdade um empresário bilionário. Tentando entender aquele belo homem, novamente responde:
— Quatro.
E o velho diz:
— Não, meu amigo, olhe Além do problema!!!
A personagem desfoca o olhar, tira o foco dos quatro dedos. Quando fazemos isso, vemos tudo duplicado e automaticamente os quatro dedos viram oito. Essa é sua resposta. Os dois se dão um grande abraço! O futuro médico tinha entendido a mensagem.
Amados, quando passarem por problemas, vejam além deles. Foquem na solução. Não fiquem sobrecarregados pelos motivos, intenções, objetivos, tendências que o problema teve. Se concentrem na solução. Ficar remoendo, tentando entender, buscando respostas e porquês não vai adiantar. Como dizia Henry Ford, fundador da Ford Motors Company: "Quer você acredite que consiga fazer uma coisa ou não, você está certo."
Não se apequene, não seja covarde, não deixe que digam que você não pode. Aja diferente, seja diferente. Viva a sua vida da melhor maneira possível. Persista em fazer o bem. Não se acostume com coisas ruins. Não seja insensível. Diga sim às mudanças, reinvente-se. Saia da rotina. Ame sem limites, chore, grite. E se depois de tudo isso as pessoas apontarem o dedo para você e disserem que você é louco, simplesmente aceite. Pois apenas a loucura de nossa existência nos permitirá viver e ser pessoas melhores.
Toda a unanimidade é burra!
Temos que ser loucos para compreender e sentir a verdadeira felicidade que nos dá vida e que nos mostra o quanto é insensatamente certa a nossa loucura e o quanto é verdadeira a insanidade do amor.
Rui Miguel Trindade dos Santos

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