Gratidão pelo mínimo

Por: Rui Miguel Trindade dos Santos

Não costumo receber presentes de outras pessoas, nem de amigos, nem de família e muito menos de desconhecidos. Não comemoro aniversários, nem Natal, nem festa junina, nem Dia dos Pais ou das mães, nem dia do bombeiro, do carpinteiro, do engenheiro, do arquiteto, do médico, dos homens magros e carecas...

Por isso, quando ganho qualquer presente (independente do seu peso financeiro ou sua importância utilitária) eu fico profundamente emocionado. Não faz nenhuma diferença se você me der um celular da última geração ou um ímã de geladeira que comprou em uma viagem à praia.

Você deve estar pensando:

“Até parece… até parece que não faz diferença entre os valores dos presentes.”

E não faz mesmo.

Vou explicar o porquê:

Quando uma pessoa viaja e vai com a família dela para a praia, para o interior visitar a família, outro país ou ali mesmo em Porto Seguro, ela está com seu namorado ou namorada, junto à família, feliz, com várias coisas para se distrair.

Tem o sol, gente bonita passando, água de coco geladinho, sobrinhos, irmãos, pai, mãe, aquela festa na areia da praia, aquele luau no final da noite com alguém tocando violão. A pessoa se bronzeia, cansa, dorme, come a toda hora aquele milho verde ou um peixinho na brasa. Rodeada de pessoas e no meio disso tudo ela para e pensa:

– Vou levar uma lembrança para o Rui.

Entendem por que não importa o valor financeiro do presente? O valor é irrelevante diante do significado dele.

A pessoa tinha tudo para não ter que pensar em nada. Milhares de coisas legais para fazer. Ela não tinha a obrigação e ninguém tem de levar presentes para ninguém. Mesmo assim, ela parou cinco minutos e dedicou seu pensamento à minha pessoa.

Isso não é extraordinário?

Essa é a beleza do presente sem datas, sem obrigações, sem um calendário folclórico e pagão. Sem que o Facebook ou o Google alertem sobre o meu aniversário para que a pessoa se sinta na obrigação de me presentear.

Quando você é presenteado sem nenhum motivo comercial, religioso ou cultural, sem datas específicas significa que realmente está fazendo a diferença na vida de alguém. E o que pode ser mais intenso e gratificante do que saber que você é importante para alguém?

Valorize essas pequenas coisas da vida. Isso sim nos proporcionam aqueles momentos de intensa felicidade que fazem a vida valer a pena.